A inflação subjacente do Japão voltou a surpreender em maio, reforçando a pressão sobre o Banco do Japão (BoJ) para retomar a normalização da política monetária, mesmo em meio à fragilidade econômica e à incerteza sobre o comércio com os Estados Unidos. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (21), o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI), que exclui os custos voláteis de alimentos frescos, subiu 3,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O resultado superou a mediana das estimativas de analistas, que apontavam para alta de 3,6%, e acelerou frente ao avanço de 3,5% registrado em abril. Com isso, a inflação permanece acima da meta de 2% do BoJ pelo 38º mês consecutivo, aprofundando o desafio da autoridade monetária de equilibrar a sustentação da recuperação econômica com o controle dos preços.
Outro índice monitorado de perto pelo banco central, que também exclui combustíveis e alimentos frescos, considerados itens altamente voláteis, subiu 3,3% em maio, frente a 3,0% no mês anterior. Foi o maior nível desde janeiro deste ano, quando havia alcançado 3,5%.

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O movimento inflacionário é impulsionado principalmente pelos preços dos alimentos processados, com destaque para o arroz, que teve alta anual de mais de 100% em maio. O avanço da inflação ocorre em um momento de crescente cautela sobre os efeitos colaterais das tarifas impostas pelos Estados Unidos, que ainda podem gerar novos impactos sobre cadeias produtivas e consumo.
Em meio a esse cenário, o BoJ permanece prudente. “Dada a elevada incerteza em relação à política tarifária dos EUA, o Banco do Japão adota uma postura de espera e observação quanto a novos aumentos nas taxas de juros”, afirmou Ryosuke Katagi, economista da Mizuho Securities. Ainda assim, ele pondera que a pressão inflacionária doméstica, especialmente nos bens de consumo, deve manter viva a perspectiva de alta gradual dos juros ao longo de 2025.
Segundo pesquisa da Reuters, a maioria dos economistas projeta um novo aumento de 25 pontos-base no início de 2026, caso as atuais tendências se confirmem. Por ora, o Banco do Japão segue monitorando os dados e o cenário internacional antes de qualquer ajuste adicional na política monetária.