O Federal Reserve (Fed) decidiu manter, mais uma vez, a taxa básica de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50%, durante a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) realizada nesta quarta-feira (30). Apesar da manutenção, a votação dividida , com 9 votos a favor e 2 contrários, deixou evidente o crescente desconforto dentro do comitê, pressionado politicamente pela Casa Branca.
A decisão marcou a quinta reunião consecutiva sem alteração nos juros e gerou atenção pelo voto dissidente de dois integrantes do próprio Conselho de Governadores do Fed: Michelle Bowman e Christopher Waller, ambos indicados por Donald Trump. Eles defenderam um corte de 0,25 ponto percentual, argumentando que a política monetária atual já está excessivamente restritiva.
Em comunicado, o Fed justificou sua cautela destacando que, embora o desemprego permaneça em patamar historicamente baixo e o mercado de trabalho ainda esteja aquecido, a inflação segue acima do desejável. A autoridade monetária também reconheceu que o crescimento da economia norte-americana desacelerou no primeiro semestre, mas alertou que “a incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada”, o que impede um movimento imediato de corte nos juros.

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A divisão no FOMC reacende o debate sobre a independência do Fed diante das pressões do Executivo. A crítica pública de Trump ao presidente do banco central, Jerome Powell, aumentou nas últimas semanas. O ex-presidente cobra cortes mais agressivos como forma de aliviar os custos da dívida federal e estimular a economia, especialmente em meio a tensões comerciais.
A governadora Adriana Kugler não participou da votação. Já os presidentes dos bancos regionais do Fed e outros três governadores acompanharam Powell na decisão pela manutenção. A expectativa agora recai sobre a coletiva de imprensa do presidente do Fed, que poderá esclarecer a postura da instituição e indicar possíveis cenários para os próximos meses.
Enquanto isso, o mercado acompanha de perto os dados de inflação e atividade. O PIB do segundo trimestre veio acima das expectativas, mas o resultado foi impulsionado principalmente pela queda nas importações, com a demanda doméstica crescendo no ritmo mais fraco em dois anos e meio.