Os preços da indústria brasileira recuaram 1,29% em maio de 2025 frente a abril, conforme revelou o Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta terça-feira (4) pelo IBGE. Essa foi a queda mais intensa registrada neste ano e a maior desde junho de 2023, quando o índice caiu 2,72%. O movimento marca o quarto mês consecutivo de retração após uma sequência de 12 altas entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025.
No acumulado de 2025, o IPP registra queda de 1,97%, a segunda maior retração para o período de janeiro a maio em toda a série histórica da pesquisa, atrás apenas de 2023. Em 12 meses, o índice segue positivo, com alta de 5,78%, mas perdendo força.
Segundo o gerente da pesquisa, Murilo Alvim, dois fatores principais explicam o comportamento dos preços industriais: a queda no valor das commodities (em especial soja e cana-de-açúcar) e a valorização do real frente ao dólar, que acumula recuo de 7,1% no ano. “Com a colheita das safras e o dólar mais barato, os custos de produção caem, especialmente nos setores exportadores ou com insumos dolarizados”, afirma.

Clique aqui para começar a investir com quem entende
Dentre os 24 segmentos industriais pesquisados, 17 registraram queda nos preços em maio. Os setores com maior influência negativa no índice foram alimentos (-1,33%), refino de petróleo e biocombustíveis (-2,77%), outros produtos químicos (-3,11%) e metalurgia (-3,46%). O setor de alimentos voltou a recuar após breve alta em abril, pressionado pelas baixas no preço do açúcar VHP (-4,68%) e derivados da soja, como óleos vegetais (-3,05%).
Já o setor de refino e biocombustíveis acumulou a terceira queda mensal seguida, influenciado pela baixa nos preços de produtos como óleo diesel e nafta. Em outros produtos químicos, a queda foi puxada por derivados de petróleo, como propeno e resinas termoplásticas. Mesmo assim, esse setor ainda acumula alta de 9,36% em 12 meses.
Na perspectiva das grandes categorias econômicas, os bens intermediários puxaram a retração geral do IPP em maio, com queda de 2,37%. Já os bens de capital variaram -0,02%, e os bens de consumo ficaram estáveis (0,00%).
O cenário confirma a pressão deflacionária vinda da produção industrial, o que pode ter reflexos na cadeia produtiva e reforça a influência do câmbio e das commodities na dinâmica dos preços ao produtor.