O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo FGV IBRE, registrou queda de 0,8 ponto em junho, atingindo 85,9 pontos, interrompendo uma sequência de três meses de alta. O recuo, ainda que moderado, sinaliza uma acomodação no otimismo das famílias, impulsionada pela piora na percepção sobre a situação presente e pelas expectativas mais cautelosas em relação ao futuro.
Segundo a economista Anna Carolina Gouveia, do FGV IBRE, o resultado reflete a pressão contínua que os consumidores enfrentam sobre seus orçamentos, em um cenário marcado por endividamento elevado, inadimplência persistente e política monetária restritiva. “Apesar da resiliência da economia, os dados mostram que o consumidor segue desconfiado, principalmente diante do encarecimento do crédito e da dificuldade de retomar o consumo de bens duráveis”, afirmou.
O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 1,1 ponto, para 82,9, interrompendo a trajetória de recuperação observada nos últimos meses. O maior impacto veio do componente que mede a situação financeira atual da família, que recuou 2,1 pontos, atingindo 72,5 pontos, um dos níveis mais baixos desde o início do ano. Já o componente que avalia a situação econômica local atual ficou praticamente estável, em 93,6 pontos.

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Nas expectativas para os próximos meses, o Índice de Expectativas (IE) cedeu 0,4 ponto, para 88,7. Houve queda nas projeções sobre a situação econômica local futura (-1,2 ponto, para 102,9) e nas intenções de compras de bens duráveis (-1,1 ponto, para 76,1), sinalizando que os consumidores seguem cautelosos quanto a gastos maiores. Por outro lado, houve leve alta no indicador de situação financeira futura da família, que subiu 1,2 ponto, chegando a 88,6.
A retração na confiança foi disseminada entre todas as faixas de renda, com exceção dos consumidores com ganhos mensais acima de R$ 9.600,01, único grupo que manteve uma perspectiva mais otimista no mês.
O recuo do ICC reforça os sinais de que o alto patamar da taxa Selic e as condições financeiras apertadas continuam pesando sobre o consumo das famílias, dificultando a retomada mais robusta da atividade doméstica.




